sábado, 15 de março de 2008

Burcas ocidentais

A tradicional burca acaba de estrear nas passarelas da moda da Noruega com o lançamento de uma coleção totalmente inspirada na vestimenta que cobre, da cabeça aos pés, algumas mulheres muçulmanas.

A idéia da grife norueguesa Marked Moskva é popularizar a burca como peça básica - e libertadora - do vestuário feminino.

"Para as ocidentais, ela dá a oportunidade de poder sair de casa sem se preocupar com o cabelo ou a maquiagem, por exemplo, além de proporcionar privacidade. E se as ocidentais começarem a usar burcas, as muçulmanas podem passar a sofrer menos discriminação", acrescentou ela.

Até o momento, segundo a estilista, não houve nenhuma reação negativa por parte de grupos muçulmanos.

"Temos tido apenas reações positivas", afirmou Tonje Nordmo. "E não estamos com medo, porque nossas intenções são as melhores possíveis."



Versões estilizadas da burca já passaram pelas passarelas da London Fashion Week em 2007. Mas a coleção norueguesa é mais fiel ao estilo original, cobrindo totalmente a cabeça e os olhos. A diferença está na variedade de estampas e texturas.

Há, por exemplo, a "burca-verão", com estampas florais, e a burca de peles, adaptada para os vários graus negativos do inverno nórdico. A coleção inclui ainda uma "burca-doll" para dormir, e até uma burca para noivas.

A idéia de criar a coleção surgiu depois de os três designers da grife - Tonje Nordmo, Maria Kartveit e Cedric Stevens - terem resolvido adotar a burca como parte de seu guarda-roupa.

"Tivemos que mandar trazer as peças do Afeganistão", conta Tonje. Mas usar as tradicionais túnicas negras nas ruas da capital norueguesa, Oslo, foi uma experiência estressante.

"Ouvimos vários insultos e fomos impedidos de entrar em restaurantes. Outras pessoas pareciam assustadas, com medo da nossa presença. Sentimos na pele a discriminação sofrida pelas muçulmanas", disse a estilista.

Silvio Halleck